terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A Gangorra


Lúcio, recém-casado, desejoso de acertar em suas decisões e ser feliz, compareceu ao templo, acompanhado de sua esposa. Solicitou a ajuda do orientador e lhe perguntou:

-Como faremos para mantermos nosso casamento firme no transcorrer dos anos e sermos felizes a vida toda?

O orientador respondeu:

-Filho, viva como se estivesse sentado na extremidade de uma gangorra e sua esposa na outra. Tem que haver o equilíbrio das duas partes para que a gangorra permaneça na horizontal. O que vai determinar que ela permaneça estabilizada, não será o peso corporal, mas sim o peso das atitudes de um no coração do outro.

-Como assim? Perguntou o jovem marido.

-Se vocês forem mansos um com o outro, a gangorra será mansa. Se vocês se enervarem e se descontrolarem, agredindo-se verbalmente, a gangorra começará a vibrar fortemente e vocês escorregarão nas reações imprevistas. Geralmente, um dos cônjuges, quando começa a perceber que existem diferenças a serem transpostas com amor e paciência, e, não tendo a paciência necessária, começa brigar, gritar e ofender. A outra parte começa a se encolher emocionalmente e se fecha em mutismo para se proteger; ou então por medo. Quando não existe o mutismo da outra parte, ela também vocifera e agride. Aí o congelamento das relações se efetiva. O tempo passa, o gelo aumenta e a felicidade acaba. O lar fica, então, fica entregue aos espíritos do mal, que insuflam cada vez mais a discórdia.

Diante do silêncio reflexivo do casal, o orientador arremata:

-Sigam, pois, o caminho da compreensão, entendendo que os dois, com certeza, possuem qualidades e defeitos. Saibam que, quem não consegue conviver com diferenças, acaba na solidão. A solidão não deixa de ser uma péssima companheira, quando a temos por nossa incompetência em relevar e perdoar, achando-nos sempre com a razão.

Maria Nilceia