sábado, 21 de fevereiro de 2015

Mundo Espiritual Bonito


Aqui recebemos abraços, sorrisos e incentivos.
Nunca valorizei tanto essas demonstrações de afeto como agora.
O mundo espiritual bonito é acessível a quem é bom.
Eu não fui bom e sim insensível. Após minha partida, muito sofri antes de chegar nesse local aprazível.

Na vida física, quase nada me comovia, a não ser o carinho de meus netos, que viviam a me rodear, desejando calçar minhas botas e experimentar meus chapéus. Diziam: Vovô, o senhor tem a cabeça e os pés muito grandes.
Eu achava graça e os colocava sentadinhos em meu colo e lhes contava as histórias do saci, do boi bumbá, da mula sem cabeça. Sempre trazia balas nos bolsos para eles. Para meus netos eu fui amoroso.
Não para os demais. Altaneiro, senhor de mim, de meu dinheiro, tratei-os como seres inferiores.

Com a idade veio a doença e com ela a morte.
Com a morte vieram as consequências de minha má vida. Vi-me em triste e ressequida região do Além. Tive sede, tive fome, senti como é desalentador o abandono. Minhas vestes ficaram sujas, de tanto perambular sem rumo. Sentia saudade de meus netos, já homens feitos. Desolado ao extremo, não sabia há quanto tempo estava ali. Até que alguém que de pronto não conheci me disse: Se crê em Jesus, ore e peça ajuda. Foi então que comecei a orar, pedir, implorar. Um dia, na tênue claridade do sol, vi se aproximar um homem de bondosa feição. Ele fez-me um convite: Venha, vamos sair daqui.
Nada perguntei e o acompanhei. Chegamos em frente um portão, o qual se tratava da entrada de uma cidade. Fui conduzido a uma habitação coletiva, com quartos individuais.
Ah... foi então que valorizei todo carinho recebido. E aprendi a retribuir. Nunca fui tão solícito e gentil com desconhecidos como quando morei nessa habitação.
Hoje, após muitos anos, estou em minha residência espiritual particular, com minha esposa e três filhos que também deixaram a vida física. Tenho atuado na área caritativa, consolando, recuperando espíritos desviados e ajudando em tudo que posso.
Amigos, o amor é a força que move todas as pessoas. Sem a necessária sensibilidade, pouco ou nada somos.
Hoje digo aos que me ouvem quando em conversação: Nada como um sorriso, um abraço e uma palavra amorosa.

Um ex-fazendeiro
Psicografia: Maria Nilceia
19/02/2015