Conheçamos um criador de lindos pássaros.
Ele preparou um ambiente imenso, bonito, repleto de plantas que
dão flores, frutos, aromas agradáveis, tudo para sustentar os pássaros. Existia
alimento para todos. O ambiente foi preparado com amor, cuidado e criatividade
cabível ao mais talentoso artista.
Casais de pássaros portando diferentes tamanhos, cores, dons e
beleza, foram acomodados nos galhos de frondosas árvores. Essas aves começaram
a procriar. O ambiente ficou mais formoso ainda, pela especialidade dos
pássaros. Cantos originais preenchiam a atmosfera do imenso local. Rios e
fontes matavam a sede daqueles seres saltitantes e alegres.
Com o passar do tempo, alguns pássaros começaram dar vazão a
sentimentos desequilibrados que brotaram em seus corações. Aflorou neles o orgulho
que os fez se sentirem melhores que as outras aves. Aproveitaram-se das
ocasiões e as agrediram, roubando-lhes a oportunidade de desfrutarem também
de uma vida saudável e feliz.
Era o aflorar do desejo de poder que lhes tomou por completo. Gorjeios
foram abafados. Quase todos os canários e beija-flores foram abatidos. Filhotes
pereceram, incapazes de proverem o próprio sustento. A situação piorou... os bandos
de aves maldosas aumentaram e passaram a guerrear entre si exteriorizando
terríveis sons. A natureza chorou.
Com o semblante exalando tristeza, o criador de pássaros refletiu:
como poderei reequilibrar este ambiente?
Teve uma ideia! Escolheu um pássaro bondoso que habitava o
firmamento e colocou-o no ambiente que ele havia criado. Pensou: este pássaro
sábio ensinará o amor e o respeito a eles. Todos terão a oportunidade de
ouvi-lo e fazerem boas escolhas.
Os pássaros orgulhosos, no entanto, começaram a ouvir as
pregações do pássaro sábio e iniciaram sutilmente um ataque. Cercaram-no, testaram-no
e concluíram que essa ave tão ajuizada lhes roubaria o poder. Sem piedade, crucificaram-na.
Passaram-se centenas e centenas de anos e eles prosseguiram
vivendo o mal, eliminando vidas.
O criador de pássaros decidiu: enviarei provações coletivas.
Surgiram então tornados, erupções vulcânicas, tempestades e todo
tipo de manifestações naturais a reagirem contra o mal. Com a morte de várias
aves, as boas foram recolhidas pelo criador de pássaros e encaminhadas
para um local de paz do mundo espiritual. As más foram deixadas a mercê da
própria sorte para que aprendessem a respeitar o semelhante.
Onde estão, lamentam e se prostram no chão, esperando o momento
de serem perdoadas. Com o arrependimento e a proposta sincera de melhoria, serão
conduzidas à aprendizagem, a qual será repleta de testes a serem vencidos.
É por isso que se diz: para a maioria, somente o sofrimento
endireita veredas.
Luz a todos é o que desejamos.
O Criador de Pássaros
Psicografia: Maria Nilceia
21/02/2023