Aparecida dos Santos, em andrajos, com uma criança faminta no colo,
disse:
Aproximou-se e perguntou:
- Qual seu nome, senhora?
- Aparecida dos Santos.
- O que aconteceu em sua mão?
- Há muitos anos, meu ex-marido decepou meu dedo.
Ansiosa, a doutora perguntou:
- Tem família?
- Tenho uma filha que não sei onde está... meu anjinho... tive que
abandoná-la num orfanato. Não pude voltar para pegá-la, pois me faltou emprego,
roupa e pão. Hoje vivo da caridade dos bons. O câncer se desenvolveu em mim
devido a angústia. Mais um tempo e partirei sem ver minha filha. Peço sempre
para que Deus me ajude a ver minha menina pela última vez.
- Como é o nome de sua filha?
- Clara Aparecida dos Santos, minha Clarinha.
- Qual orfanato a senhora deixou sua filha?
- No orfanato Santa Cecília.
- Em que ano?
- 1970.
Clara, abaixou e abraçou sua mãe.
- Sou eu mãe, a sua Clarinha. Como esperei por esse momento!
Fartas lágrimas se extravasaram. Lágrimas de grande emoção, de alegria.
Enfermeiras chegaram, médicos também... palmas e louvores... gratidão eterna,
Senhor!
É por isso, meus irmãos, que temos que confiar em Deus. Clarinha me
levou para sua casa. Seus pais adotivos me cumularam de atenção. Ganhei roupas
boas e alimentação farta. Vivi ainda um ano e meio tendo o carinho de minha
filha. Morri feliz e aliviada em seus braços. Deus é bom para quem tem fé. E eu
tive, sabia que veria novamente a Clarinha.
Com amor, dedico minha história a todas as mães que não jogam seus
filhos no lixo, às mães que tudo fazem para preservar a vida de suas crianças.
Maria Aparecida dos Santos
Psicografia: Maria Nilceia
12/04/2021