Nasceu
no dia 19 de junho de 1908, em Ibitinga, SP e desencarnou na cidade de São
Paulo, no dia 22 de junho de 1971, no Hospital São Paulo, ao submeter-se a uma
cirurgia no coração.
Dono
de uma inteligência invulgar e de uma vontade imbatível de atingir suas metas,
cursou a Escola de Farmácia e Odontologia de Pindamonhangaba. Posteriormente,
dando prosseguimento aos estudos, ingressou na Escola de Medicina da Praia
Vermelha, no Rio de Janeiro, formando-se por volta de 1937.
Em
Ibitinga, como médico, exerceu sua profissão com dedicação, competência e
humanitarismo. Nunca deixou de esmerar-se no desempenho da medicina, procurava
estar em contato com os meios científicos do país e do estrangeiro,
atualizando-se constantemente, o que lhe valeu ser considerado um dos mais
competentes facultativos de nossa região. Pelas mãos do Dr. Flávio muitas
crianças vieram ao mundo. Quando médico do Posto de Puericultura de Ibitinga,
conhecendo o drama das dificuldades humanas, procurou minorar o sofrimento dos
menos favorecidos, criando grupos assistenciais para confecção de roupas para
crianças pobres e aumentou o fornecimento do leite, fundando mais tarde o Clube
das Mães. Como chefe do Centro de Saúde, uma de suas batalhas foi conscientizar
as mães sobre a necessidade de conservar a higiene das crianças, para a
manutenção da saúde dos pequeninos.
Era
um entusiasta da aviação, tendo sido um dos fundadores do Aeroclube de
Ibitinga, do qual foi presidente duas vezes. Através de contatos com o saudoso
jornalista Assis Chateaubriand, na ocasião diretor da Companhia Nacional de
Aviação, conseguiu o primeiro avião para o Aeroclube de Ibitinga. Promoveu
inesquecíveis festas aviatórias, com emocionantes shows aéreos. O Lions Clube,
que vem prestando relevantes serviços no campo da assistência social, também
teve nele o seu fundador e presidente. Colaborou ainda na criação do Serviço de
Obras Sociais (S.O.S.), além de ter sido fundador e presidente da Associação
Avícola.
Foi
uma pessoa de tanta expressão em Ibitinga, que não existe quem não se lembre
dele com saudade. Em sua homenagem, foi fundado o Colégio Flávio Pinheiro, pela
Dra. Jussara Sampaio Geretto Gonçalves Farinha, médica ibitinguense.
No
Espiritismo, o nobre médico deixou as marcas de sua brilhante atuação. Cedo
abraçou a valorosa doutrina. Leal e franco, defendeu com entusiasmo suas ideias
e crenças através da imprensa falada e escrita. Como participante assíduo do
Centro Espírita Francisco de Assis “Amor e Caridade”, de Ibitinga, deixou ali
lindos testemunhos de amor e dedicação. Como presidente do Centro nos períodos
de 1951 a 1953 e 1954 a 1956, promoveu ciclos de estudos e conferências,
trazendo valorosos pregadores. Era frequentador da Federação Espírita do Estado
de São Paulo, quando viajava até a capital e lá angariou inúmeros amigos.
Mantinha também estreitos contatos com os confrades da cidade de Matão e várias
outras.
Em
agradáveis serões em sua residência, estiveram presentes pessoas admiráveis
como o professor Herculano Pires, Divaldo Pereira Franco, Ari Lex, Richard
Simonetti e tantas outras figuras exemplares. Todos os movimentos espíritas,
incluindo movimentos de mocidades, contavam com sua presença.
Tornou-se
um dos sócios fundadores da Associação Médica Espírita do Estado de São Paulo. No
final de sua etapa como encarnado, teve a saúde debilitada devido ao
comprometimento de sua válvula mitral. Esteve em Cleveland, U.S.A., para tentar
uma operação, a qual foi adiada. Depois, com o recrudescimento do mal, resolveu
operar para sobreviver ou evitar de cair por uma síncope fulminante. Disse
então: “Se chegou a hora de minha libertação, conforta-me ser espírita, ter a
profissão que abracei e possuir as amizades que fiz no seio da família humana.”
Celibatário
por opção, teve no entanto, filhos espirituais, pois, a muitos ajudou. Hoje,
muitos dos parentes do Dr. Flávio são adeptos do Espiritismo e realizam
primorosos trabalhos na Seara Kardecista. Em seu túmulo podemos ler a seguinte
inscrição: “No lugar em que te encontres, sempre poderás semear a luz da
esperança e do amor. Onde estiveres, descanse em paz, semeador Flávio
Pinheiro.”
A
maior parte das informações sobre a vida de Flávio Pinheiro foi obtida da
biografia elaborada por sua sobrinha “Maria Lúcia Pinheiro Paes”. Outras
informações retirei do jornal “A Nova Era”, de Franca. Essas fontes de pesquisa
foram a mim doadas pela grande e querida amiga Júlia Teixeira Pereira Racy, a
quem muito agradeço. Sou grata também à estimada amiga Valdereis Lopes Teixeira
de Godoy, que me forneceu determinadas datas as quais eu não dispunha. No
relato da vida do Dr. Flávio Pinheiro, apenas alguns detalhes foram de minha
autoria, pois, não cheguei a conhecer este valoroso ibitinguense quando
encarnado. Quando passei a residir em Ibitinga é que tomei conhecimento de sua
vida. Conheço-o hoje como estimado amigo espiritual que me ajuda, me orienta e
me incentiva, de maneira eficaz e sadia. Não consigo descrever a emoção que
sinto ao escrever sobre este grande espírita. Só posso dizer com toda
sinceridade: como faz bem ter um amigo como Flávio Pinheiro!
Maria Nilceia
