A tarde fazia-se fresca nos Andes. Parecia que o Sol, que estava quase se pondo, também se refrescava com a brisa amiga. Nesse ambiente divino, um ancião inca, de olhos vivazes e lábios sorridentes conversava com sua neta, que num dado momento, perguntou-lhe:
- Velho sábio que tanto amo, meu avô, o senhor é tão feliz com o pouco que tem. Aconselhe-me... ando sem animo, não levo sorte em nada.
- Ah, minha filha... o conselho que posso lhe dar é que esteja sempre de bem com a vida.
- Como é estar de bem com a vida? Perguntou a jovem.
- É preciso sentir a alma leve, que plana no ar quando se tem os olhos fechados. Quando se tem os olhos abertos, manter o pensamento sereno, falando o que há de melhor, crendo que existem pessoas boas no mundo e quando as encontra, dar-lhes valor e atenção. Isso, no entanto, não basta. É necessário ter respeito às plantas, tocá-las com cuidado, para não contaminá-las com a negatividade que possamos estar apresentando. Lembrar também que os animais são seres sagrados. Amá-los, é evitar desgraças futuras.
- Os animais são tão importantes assim meu avô?
- Sim... Muitos dos humanos que padecem horrivelmente na Terra, no passado vilipendiaram os animais, submetendo-os a torturas inenarráveis! Se não passarem por sofrimentos purificadores, não ganharão o reino do céu. São aqueles que caem no vale do ranger de dentes. Enquanto não se redimirem, não verão a luz e nem conhecerão a felicidade.
- Meu avô, o senhor é sábio e bom. Quero que tenha vida bastante longa, passando muito dos cem anos. Todos os dias pedirei a Deus que o conserve junto a mim. Se adoecer, curarei suas feridas com unguento e quando o senhor partir hei de orar para que não nos separemos em pensamento.
O ancião, sorrindo, fez com que a neta deitasse a cabeça em seu ombro e assim ficaram até que a lua surgisse no horizonte com promessas as mais belas.
O
Contador de Histórias
Psicografia: Maria Nilceia