segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Um Sábio dos Andes

 

A tarde fazia-se fresca nos Andes. Parecia que o Sol, que estava quase se pondo, também se refrescava com a brisa amiga. Nesse ambiente divino, um ancião inca, de olhos vivazes e lábios sorridentes conversava com sua neta, que num dado momento, perguntou-lhe: 

- Velho sábio que tanto amo, meu avô, o senhor é tão feliz com o pouco que tem. Aconselhe-me... ando sem animo, não levo sorte em nada. 

- Ah, minha filha... o conselho que posso lhe dar é que esteja sempre de bem com a vida. 

- Como é estar de bem com a vida? Perguntou a jovem. 

- É preciso sentir a alma leve, que plana no ar quando se tem os olhos fechados. Quando se tem os olhos abertos, manter o pensamento sereno, falando o que há de melhor, crendo que existem pessoas boas no mundo e quando as encontra, dar-lhes valor e atenção. Isso, no entanto, não basta. É necessário ter respeito às plantas, tocá-las com cuidado, para não contaminá-las com a negatividade que possamos estar apresentando. Lembrar também que os animais são seres sagrados. Amá-los, é evitar desgraças futuras. 

- Os animais são tão importantes assim meu avô? 

- Sim... Muitos dos humanos que padecem horrivelmente na Terra, no passado vilipendiaram os animais, submetendo-os a torturas inenarráveis! Se não passarem por sofrimentos purificadores, não ganharão o reino do céu. São aqueles que caem no vale do ranger de dentes. Enquanto não se redimirem, não verão a luz e nem conhecerão a felicidade. 

- Meu avô, o senhor é sábio e bom. Quero que tenha vida bastante longa, passando muito dos cem anos. Todos os dias pedirei a Deus que o conserve junto a mim. Se adoecer, curarei suas feridas com unguento e quando o senhor partir hei de orar para que não nos separemos em pensamento. 

O ancião, sorrindo, fez com que a neta deitasse a cabeça em seu ombro e assim ficaram até que a lua surgisse no horizonte com promessas as mais belas.

O Contador de Histórias

Psicografia: Maria Nilceia