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Abrindo as Algemas
Chega a
hora em que o ser humano preso ao passado tem que se desligar do mesmo e parar
de sentir prazer em relatar desgraças.
Chega a
hora em que não se pode mais desejar que existam pessoas dispostas a ouvir
lamúrias sem fim.
Chega a
hora em que ninguém mais vai perguntar: tudo bem? A resposta já é conhecida.
Então, para que perguntar?
O
horizonte sempre se abre para todos, com várias possibilidades de trabalho na
senda do bem e da realização pessoal.
Os
protetores se aproximam. Ajudam e mostram o caminho. Em grande parte das vezes,
em vão.
O
sofredor prefere prosseguir degustando o próprio sofrimento. Prefere se arvorar
no comodismo das reclamações sem fim.
E o
caminho a seguir, que poderia abrir-se tão amplo, é fechado pelo egoísmo do
sofredor. Egoísmo sim, pois ele pouco acredita que existam desgraças
maiores que a dele. E ele não presta atenção nas pessoas que, apesar de
padecerem, esforçam-se por viver de maneira positiva.
Veio-me à
mente, Jerônimo Mendonça. Ele não movimentava nenhuma parte de seu corpo, mas
fazia palestras de autoajuda deitado numa maca. __
Quem
reclama muito e não presta atenção nas orientações que recebe, acaba só. Só,
porque se acomoda.
A vida é
feita de escolhas. Quem escolhe errado, nada de bom colhe. Soltar-se do passado
é permitir que ele vá embora “com o rio das águas libertadoras”.
Maria Nilceia